quarta-feira, 28 de março de 2018

SOLIDÃO

SOLIDÃO

Um papel em branco,

Um quarto vazio;

Na sala alguns discos,

Um rosto sombrio.

Cinzeiros sem manchas,

De batons e cigarros;

Uma tela de Gog,

Sem tons nem reparos.

Assento suspenso,

Mobílias em cacos;

Na moldura Suíça,

Um jovem retrato.

Objetos estranhos,

É o tudo que resta;

Da esguia ilusão,

Restou uma fresta.

E a solidão,

Está a meu lado;

Ruídos medonhos,

Me vem do passado.

São fitas de vídeos,

Daqueles momentos;

Que foram embora,

Fugiram no vento.

A brisa de outrora,

De brigas e ciúmes;

Daquela mulher,

Sobrou só perfume.

E assim eu me vejo,

No chumbo momento;

Um homem sozinho,

Neste apartamento.

J.L.BORGES

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