sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

NADA

NADA

Ando a procura do nada,

Nada encontro, nada peço;

Nada quero e nada sonho,

Não desejo e nada penso.

Sou passado sem futuro,

Sou a luz que amanhece;

Pra afastar o pano escuro,

Desta dor que me merece.

Se andei e procurei,

Mas porem não achei nada;

Sou a fabula encantada,

Em algum quarto de bordel.

Eu me vejo em cada esquina,

Eu me prendo em cada esquina;

Sou soldado sem quartel,

Se escondendo desta sina.

Na procura do ser nada,

Nada sou nem me completo;

Sou reflexos do complexo,

Um buraco negro e nada.

Anti luz, anti matéria,

Espalhadas no infinito;

Destes versos incompletos,

Que me transformam em nada.

 *J.L.BORGES

Nenhum comentário:

Postar um comentário