quarta-feira, 15 de agosto de 2018

TARDE

TARDE

Enquanto a noite espera desmaiar o dia,

A estrela bocejante aguarda;

Vultos encantados do anoitecer,

No sol posto de meu coração.

E nesta suportável placidez noturna,

No lusco-fusco de meus pensamentos;

Meus sonhos adentram e mil labirintos,

Até perderem-se em minha solidão.

A tarde vem, igual bela senhora,

Num tic-tac de Aves Marias;

Assim torno-me no declinar do dia,

A paz profana que transcende a alma;

E acende insana o fogo da paixão.

Nesta boca-da noite, jovem sedutora,

Meus sonhos de volúpia aguardam,

A paciencitude do cair das trevas;

E lá num canto o anoitecer espera,

O cair do sol em forma de canção.

*J.L.BORGES


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