PAI
Chega de guerra, chega de fera,
Cansei de chorar, cansei de sofre,
Cansei de matar, cansei de morrer,
Eu, ser humano feito fera,
Cansei de correr neste inferno;
De tremer neste inverno,
Eu quero primavera.
Pai, eu quero paz,
Não quero sofrer;
Eu quero viver,
A morte eu não quero,
Sofrer neste inferno,
Também eu não quero,
Eu quero é ter paz.
Pai, eu quero a verdade,
Cansei de ver meu irmão sofrendo injustiça,
Sofrer e chorar sem nenhum sentido,
Morrer e matar em vão;
Cansei de mentiras e falsidades,
Pra quem merecer eu quero justiça,
Pois tenho fome e sede daquilo que é justo.
Tenho pena das crianças inocentes,
Sem futuro, sem teto e sem guarida,
Tendo na alma as feridas desta vida;
Os gemidos, as lagrimas e tantos ais;
Pai, eu quero dar o futuro de presente,
Aos pequeninos, pois eles merecem amor e paz.
Pai, teu amor e semente,
Teu amor é fermento, é farol,
Luz universal a um futuro paraíso,
Teu amor é a fonte que eu preciso,
Teu amor é meu lume, é meu sol.
Pai, chega de miséria, este cruel mal,
Que floresce em pétalas negras da nefasta morte,
Sopre pai, teu vento pentecostal,
Suavize um pouco mais a nossa sorte,
Eu quero vida a luz de um novo dia,
Quero te ver chegando a minha porta;
Eu quero paz.
*J.L.BORGES
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