segunda-feira, 25 de setembro de 2017

ELÉGIA A RIO GRANDE


ELÉGIA A RIO GRANDE

Rio grande colorado,
Chispa sempre viva;
Me embala, me cativa,
És meu sol dourado.

Sangue dos veteranos,
Coração altivo e ardente;
O teu fulgor está em mim,
Como uma luz incandescente.

Rio grande amarelo,
Teus louros é meu ouro;
Teus campos, tuas matas,
Pra mim são tesouro.

Rio grande, teu verde,
Teus campos é meu lar;
Nos vales, nas serras,
O gaúcho a cantar.

A luz da aurora,
No céu é rubi;
Me sinto perdido,
Se estou longe daqui.

Rio grande negro,
Pupilas morenas;
Doce como o mel,
Negro como as penas.

Rio grande castanho,
De duro torrão;
Ardente como a erva,
De um chimarrão.

Rio grande tu estás,
Em meus pensamentos;
O minuano canta teu nome,
Eu laço teu nome ao vento.

Rio grande branco,
Tuas neves a cair;
E eu da varanda,
Me ponho a sorrir.

Rio grande vermelho,
Rio grande encarnado;
Teu azul é infinito,
Teu mundo é encantado.

No silencio dos campos,
Eu sempre a cantar;
No espaço, teu berço,
O quero-quero a chamar.

Com flor ou com frutos,
Com viva alegria
A noite é prateada,
Argento é o dia.

Rio grande bonito,
É lindo o luar;
As vezes em devaneio,
Me ponho a sonhar.

Aqui eu estou,
Rio grande querido;
Minha terra natal,
Torrão doce e amigo.

No outono ou no verão,
No inverno ou na primavera
Gosto de correr pelos campos,
Gosto de pisar nesta terra.

Azul tão celeste,
São as águas do rio,
Rio grande tão claro,
Rio grande sombrio.

Meu Rio grande do sul,
Teu céu cor de anil
Meu lar, és meu pampa,
Tu és meu Brasil.

Meu rio grande antigo,
Minha brasa, meu carvão;
Tu estás sempre dentro,
Do meu coração.

No sopro do minuano,
O amor se espande;
No voar da perdiz,
Tu és sempre Rio grande.

Rio grande do sul,
Do sol, do luar;
Embora onde esteja,
De ti vou lembrar.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1977



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