terça-feira, 26 de setembro de 2017

NÃO SE PODE ENCOMENDAR

NÃO SE PODE ENCOMENDAR

Não se pode encomendar,
Numa tarde de outono,
Eu na sombra de uma arvore,
Vendo os animais pastando,
Sorrindo, cantando alto,
Pensando que estou sonhando.

Não se pode encomendar,
Numa noite de inverno,
Vento e  chuva a te beijar
Com raios riscando o céu,
Tornando dia esta noite,
De inverno que irei passar.

Não se pode encomendar,
Uma manhã de primavera,
Perfumes, dados e aquarelas,
Na sala da minha casa,
No jardim flores singelas,
E um canarinho a cantar.

Não se pode encomendar,
Num momento de verão,
O mar batendo a minha porta;
Eu, contigo navegando,
Em naves que não conheço,
Mas que meus sonhos transporta.

    *J.L.BORGES
MARMELEIRO PR,1998

Nenhum comentário:

Postar um comentário