sexta-feira, 29 de setembro de 2017

CHEIRO DE SOLIDÃO

CHEIRO DE SOLIDÃO

Meu Deus quem me dera,
Se eu pudesse voltar a ser;
Sol quente de primavera,
Sem medo de me perder.

Não faço mais poesia,
Já não sei também sorrir;
Sinto pesado este dia,
Vontade de me ferir.

Tudo mudou para mim,
Me perdi completamente;
Sou espinho num jardim,
Queria ser jasmim novamente.

Eu bem sei que minha vida,
É um final de verão
É cruel esta ferida,
Com cheiro de solidão.

Desaprendi de sonhar,
Meu viver é frágil, escuro;
Já nem sei mais nem amar,
Me perdi no que procuro.

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1978

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