CHEIRO DE SOLIDÃO
Meu Deus quem me dera,
Se eu pudesse voltar a ser;
Sol quente de primavera,
Sem medo de me perder.
Não faço mais poesia,
Já não sei também sorrir;
Sinto pesado este dia,
Vontade de me ferir.
Tudo mudou para mim,
Me perdi completamente;
Sou espinho num jardim,
Queria ser jasmim novamente.
Eu bem sei que minha vida,
É um final de verão
É cruel esta ferida,
Com cheiro de solidão.
Desaprendi de sonhar,
Meu viver é frágil, escuro;
Já nem sei mais nem amar,
Me perdi no que procuro.
*J.L.BORGES
Porto Alegre.1978
Nenhum comentário:
Postar um comentário