TRITÃO E NERÉIDA
Me perco em teu olhar infinito,
Tentando me espelhar em ti;
Teus murmúrios noturnos aflitos,
Vozes do passado que nunca ouvi.
Te sigo todos os instantes,
Mas tu não notas minha presença;
Te vejo tão perto e também tão distante,
Doando-me um pouco de luz e paciência.
Teu corpo sereno é inviolável,
Pareces uma estrela brilhando para mim;
Nesta solidão profana e imutável,
Meu olhar te namora num desejo sem fim.
Por quê te quero? Não sei responder,
Por quê te espero? Também eu não sei;
Mas sei que não canso e não morrerei,
Sem antes teu corpo poder conhecer.
Te quero e te espero, não és impossível,
És apenas um satélite navegando sem pressa;
Por todos os caminhos de estradas possíveis,
Sonhando em te ter, meu sonho plausível.
*J.L.BORGES.1991
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