PACATO CIDADÃO
Tu já fostes feirante,
Jornaleiro e policial;
Um convicto fumante,
Repórter de jornal.
Trabalhastes em tantos rádios,
Em studios de televisão;
És o elo do passado,
Com o presente meu irmão.
Eu também já fiz de tudo,
Fui herói e prisioneiro;
Um andante sonhador,
Por este Brasil inteiro.
Hoje vago por ai,
Um pacato cidadão;
Nos flagrantes desta vida,
Esquecida de emoção.
No abandono do meu sono,
Fiz-me luz e ilusão;
E a cruz nas minhas costas,
Se tornou religião.
Hoje sou poeira na vida
Dia a dia, ano a ano;
Neste rio que não deságua,
Nunca mais sou oceano.
Se me olho no espelho,
Eu te vejo meu amigo;
Nunca igual como nos vídeos,
A lembrar filmes antigos.
Eu te vejo em meu presente,
Dentro da televisão;
Me mostrando que é importante,
Ser pacato cidadão.
*J.L.BORGES
Este poema é para as pessoas que foram de tudo um pouco na vida e hoje encontram-se numa encruzilhada buscando um futuro melhor sem saber que o que vale é presente vivido.
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