quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

INSONIA NA SOLIDÃO

              INSONIA NA SOLIDÃO

             O vento bate forte na janela, o homem debruçado sobre ela imagina o que será o vento.
             Talvez o vento seja o suspiro de um deus apaixonado pensando na donzela, ou, o sopro de Plutão tentando levar Perséfone aos confins do seu inferno.
             Inferno? Não será por ventura meu inferno interior? Pergunta o homem. A janela bate laconicamente e ele sente tristeza, sua solidão o engole completamente, ao apagar de repente as luzes da sua casa, de sua rua do inicio ao fim.
             O vento continua a bater sem piedade na janela, parece o chifre de algum monstro milenar incrustado na mente daquele pobre homem que deseja fugir, talvez de si mesmo, mas que fica grudado ao umbral daquela janela reclamante que geme a cada estocada daquele vento indecoroso, inocente invisível; perceptível somente ao olhar fosco do homem.
             O relógio bate e seu din don parece afastar a insônia do homem solitário que meio sem vontade vai refugiar-se na cama solitária que o espera languidamente para compartilhar com ele sua solidão.

 *J.L.BORGES

Nenhum comentário:

Postar um comentário