quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

UM VULTO NO ESCURO

UM VULTO NO ESCURO

Uma luz violenta envolve o infinito,

Estrela que explodiu sem jamais brilhar;

Ao longo do caminho o homem solta um grito,

Lamentos de saudade débil a bailar.

De todas as lâmpadas que iluminam a vida,

Só a lâmpada da eternidade teima em iluminar;

O passado é uma pagina esquecida,

Panfletos de protestos em algum lugar.

Quem dera que o presente não fosse apenas momento,

Não fosse apenas um ponto de interrogação

Eu queria que o presente estivesse em meu pensamento,

Transformando a realidade em notas de uma canção.

Uma canção que embalasse o menino,

Sensibilizasse o soldado e o pregador;

Uma musica envolvente que transformasse o destino,

Ofertando ao mundo, paz em troca de rancor.

Mas o tempo que vem e que vai é apenas sonho,

E a vida torna-se caduca e sem futuro;

As lâmpadas teimam em iluminar um vulto estranho,

Que chora e se esconde no fundo do escuro.

*J.L.BORGES
1989

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