UM VULTO NO ESCURO
Uma luz violenta envolve o infinito,
Estrela que explodiu sem jamais brilhar;
Ao longo do caminho o homem solta um grito,
Lamentos de saudade débil a bailar.
De todas as lâmpadas que iluminam a vida,
Só a lâmpada da eternidade teima em iluminar;
O passado é uma pagina esquecida,
Panfletos de protestos em algum lugar.
Quem dera que o presente não fosse apenas momento,
Não fosse apenas um ponto de interrogação
Eu queria que o presente estivesse em meu pensamento,
Transformando a realidade em notas de uma canção.
Uma canção que embalasse o menino,
Sensibilizasse o soldado e o pregador;
Uma musica envolvente que transformasse o destino,
Ofertando ao mundo, paz em troca de rancor.
Mas o tempo que vem e que vai é apenas sonho,
E a vida torna-se caduca e sem futuro;
As lâmpadas teimam em iluminar um vulto estranho,
Que chora e se esconde no fundo do escuro.
*J.L.BORGES
1989
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