PINTOR DE FANTASIAS
Entre mil projetos e rasuras,
Escolhi este verso para ser a semente;
Pois sei que o amor inocente é irrealizável,
O concreto é o veneno da serpente.
O feitiço torna-se nevoa,
Logo que o sol vem;
A lembrança dos sonhos noturnos,
Partem lentos igual trem.
E o pintor retorna a tela matinal,
Quando o dia chega a seu final
Eu pinto uma estrela e lembro,
O teu farol, o teu sol fatal.
Eu levito nos sonhos noturnos,
Sou teimoso e sonho que preciso,
Daquele corpo profano,
Que levou meu paraíso.
É por isso que rabisco tua imagem,
Neste lençol de milenar prazer,
E encharco meu travesseiro de batom,
Só para não te esquecer.
*J.L.BORGES
1989
Nenhum comentário:
Postar um comentário