MORTE BRANCA
O lençol branco a envolver,
O corpo santo do moribundo;
Aqui na terra um frágil ser,
Talvez ditoso e vagabundo.
O lençol branco, tua mortalha,
No teu velório o meu sinal;
Sou teu calmante, tua navalha,
Eu podo o bem, eu toso o mal.
O lençol branco na tua tumba,
Na tua morada meu lençol branco;
Almas lavadas, almas imundas,
Do olhar falso, do olhar cancro.
No céu perene eu sou o inferno,
A minha foice sempre te espera;
Se hoje eu sou o teu inverno,
Amanhã por certo a primavera.
Ninguém escapa do meu lençol,
Da minha foice ninguém é forte;
Sou a passagem do astro sol,
Alem da vida, pois sou a morte.
*J.L.BORGES.1991
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