JANELA DA LIBERDADE
Olhar graúdo de boi,
Mirando no espaço vazio;
O verão que a muito foi,
Restando o dia sombrio.
Olhar que não olha nada,
Opaco olhar, antes brilhante;
Lento olhar sem madrugada,
Outrora dois diamantes.
É triste o não existe,
É triste o que existiu;
Este olhar não mais insiste,
Olhar triste que partiu
Levando para o infinito,
Talvez uma doce imagem;
De algum olhar bonito,
Perdido na paisagem.
*J.L.BORGES
1989
Nenhum comentário:
Postar um comentário