FABRICA DE SONHOS
Quando olho pra você,
Me derreto amorzinho;
Tão fantástico é este sonho,
O meu sono é este vinho.
Vou tentar me perder,
Pra poder me encontrar;
A solidão tem remédio,
Um copo de vinho à mesa de um bar.
Nas madrugadas vadias a cidade amanhece,
Prometendo orgias sob a luz do luar;
A deusa profana do amor não esquece,
Violenta esperança do moribundo a sonhar.
Eu não sou moribundo, eu sou louco por sonho,
Invento uma aventura mal acabada;
Mil imagens difusas fecundam meu sono,
Sumindo no horizonte da gorda alvorada.
Assim sigo lento na empoeirada estrada,
Sigo só, sigo sóbrio mas cantado baixinho;
Quando olho pra você, quando olho pra você,
Me derreto amorzinho.
Passa o vento passa o tempo, passa a madrugada,
Só a lua impávida testemunha meu sonho;
Mais um vinho eu quero pra brindar-te adorada,
Sou cantor, sou ator, sou atoa; sou tristonho.
*J.L.BORGES
1989
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