quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

FABRICA DE SONHOS

FABRICA DE SONHOS

Quando olho pra você,

Me derreto amorzinho;

Tão fantástico é este sonho,

O meu sono é este vinho.

Vou tentar me perder,

Pra poder me encontrar;

A solidão tem remédio,

Um copo de vinho à mesa de um bar.

Nas madrugadas vadias a cidade amanhece,

Prometendo orgias sob a luz do luar;

A deusa profana do amor não esquece,

Violenta esperança do moribundo a sonhar.

Eu não sou moribundo, eu sou louco por sonho,

Invento uma aventura mal acabada;

Mil imagens difusas fecundam meu sono,

Sumindo no horizonte da gorda alvorada.

Assim sigo lento na empoeirada estrada,

Sigo só, sigo sóbrio mas cantado baixinho;

Quando olho pra você, quando olho pra você,

Me derreto amorzinho.

Passa o vento passa o tempo, passa a madrugada,

Só a lua impávida testemunha meu sonho;

Mais um vinho eu quero pra brindar-te adorada,

Sou cantor, sou ator, sou atoa; sou tristonho.

*J.L.BORGES
1989

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