DIABINHOS DA INFÂNCIA
Alguém furtou a ilusão,
Só não furtou a esperança;
Tantos sonhos toscos em vão,
Ledos sonhos de criança.
Estes sonhos inacabados,
Da infância que passou;
O menino imaculado,
A criança que não sou.
O passado foi embora
Só restando este escuro;
Esta dor de qualquer hora,
Anunciando este futuro.
O futuro vem e anuncia,
Que a vida é uma só;
Esta dor me alumia,
Me faz voltar a ser pó.
Pois sou homem passageiro,
Eu sou cometa a brilhar;
Eu sou o vento ligeiro,
Nos teus lábios a soprar.
Minha vida não tem sentido,
Quem dera eu pudesse ter;
Talvez somente um amigo,
Para depois poder morrer.
Eu sou sonho de esperança,
Não sou pensamento em vão;
Eu sou apenas criança,
Laço bunda lobou pão.
*J.L.BORGES
1989
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