quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

CAÇADOR DE MIM

CAÇADOR DE MIM

Se a revolta volta,

O que fazer? Pois nada faço;

Me agarro em meus abraços,

Nesta estrada dura e torta.

Nada vale se o futuro,

Que eu procuro não está;

Aqui perto, ele está lá,

Bem alem, num tempo escuro.

Meus muros de liberdade,

Nada valem se a luta;

Da pessoa que me escuta,

Nas esquinas da cidade.

Hoje eu sigo com vontade,

De amar mais meu irmão;

Abrir bem meu coração,

Para a tal felicidade.

Em meus sonhos fui a Pequim,

De lá voltei trazendo a paz;

Talvez um dia eu volte atrás,

Sendo caçador de mim.

 *J.L.BORGES
1989

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