MEU PECADINHO DE TERRA

“MEU PECADINHO DE TERRA”

Eu tenho que conhecer,

Primeiro minha aldeia,

Para depois conhecer as mais distantes;

Nunca jogar pedras no gado,

Do meu visinho ao lado,

Pois os meus estão lá fora pastando.

Como posso falar da cerca do meu visinho,

Se a minha caiu já faz tempo?

Como posso pensar que a roupa de meu visinho está suja,

Se é minha vidraça que está encardida?

Tenho que ter muito cuidado com a língua,

Ela é uma espada amolada.

É melhor ter um bom visinho por perto,

Do que um irmão rico, mas ausente.

Nunca busques aos céus para semear,

Porque nuvens esparsas não indicam aguaceiro,

Muito cuidado para não esbanjar,

Pois no futuro poderás ter um grande rombo no bolso.

Tudo aquilo que planto certamente eu colho,

Então temos que ter cuidado ao semear,

Nunca Andes com pessoas escarnecedoras,

Para não macular a tua alma

Quem procura uma boa arvore,

Sempre terá uma boa sombra com certeza.

Sorrias sempre, mesmo estando triste,

Pois com este sorriso, teu coração,

Levará alegria a tua alma;

Nunca fales “bem feito pra ti”,

Pois estas palavras são pragas,

Que um dia voltarão a tua casa.

Quando fores arar a terra,

Agradeça a Deus por teu suor,

Pois ele edificará teu espírito,

E dará bom alimento a teu corpo cansado,

E as sementes que plantares,

Serão boas arvores a teu viver.

Um dia eu pensei saber tudo,

Mas vi que não conduzia meus passos,

Vaguei por caminhos tortuosos,

E cai muitas vezes na estrada;

Sentei... Pensei... Refleti...

E decidi a reaprender a andar.

Agora eu sei que nada sei,

E se nada sei quero aprender,

Se aprender, saberei plantar,

E também a cuidar da boa arvore,

Para ter bons frutos que serão,

O bom alimento que darei a meu corpo.

Se eu conhecer os meus pecadinhos,

E aprender a controlá-los, talvez consiga,

Conquistar o meu naco de terra,

Conquistando-o plantarei realmente a semente,

E ela crescerá, tornar-se-á uma grande arvore,

E dará alimento e repouso.

*J.L.BORGES