NOTURNO
A noite dorme envolta em lençóis de estrelas,
O grilo canta uma canção doce e melosa;
Um vulto espia no outro lado da cidade,
A lua esguia, solitária e dengosa.
O gato mia e o cão uiva para a lua,
Enquanto nuvens choram prantos de agonia;
Por quê choram? Talvez chorem de saudade,
Por alguém que se foi, partiu um dia.
Um bêbado cambaleante em frágeis sonhos,
Flutua na imensidão da tênue rua;
O seu traze luto-mosqueado,
Traz lembranças de alguma mulher-lua.
A madrugada chega lenta e atrevida,
No bocejar da noite calma que descansa;
O orvalho úmido beija a face das calçadas,
Enquanto as janelas do amanha abrem esperanças.
*J.L.BORGES
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