terça-feira, 19 de junho de 2018

NOTURNO

NOTURNO

A noite dorme envolta em lençóis de estrelas,

O grilo canta uma canção doce e melosa;

Um vulto espia no outro lado da cidade,

A lua esguia, solitária e dengosa.


O gato mia e o cão uiva para a lua,

Enquanto nuvens choram prantos de agonia;

Por quê choram? Talvez chorem de saudade,

Por alguém que se foi, partiu um dia.


Um bêbado cambaleante em frágeis sonhos,

Flutua na imensidão da tênue rua;

O seu traze luto-mosqueado,

Traz lembranças de alguma mulher-lua.


A madrugada chega lenta e atrevida,

No bocejar da noite calma que descansa;

O orvalho úmido beija a face das calçadas,

Enquanto as janelas do amanha abrem esperanças.

                                    
*J.L.BORGES

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