“OBRAS DO ACASO”
Nem sempre aquele que mais ri,
É o mais feliz, tola ilusão;
Nem sempre aquele que mais trabalha,
É o que ganha o pão.
Nem sempre o mais falante,
É o que tem o dom da prece;
Ou o mais previdente,
É aquele que enriquece.
Nem sempre o mais corajoso,
É o que comanda o batalhão;
Ou o mais habilidoso,
É o cirurgião.
Nem sempre o mais valente,
É o que ganha a luta;
Ou aquele que se diz trabalhador,
É o que labuta.
Nem sempre o mais veloz,
Ganha a corrida;
Ou aquele que é mais forte,
Ganha um prato de comida.
Nem sempre aquele que tem mais fé,
É o escolhido;
Ou aquele que se diz fiel,
É o homem ungido.
Tudo são obras do acaso,
Tudo são obras do incerto tempo;
Fazendo dos momentos mero acaso,
Fazendo do acaso seus momentos.
*J.L.BORGES
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