segunda-feira, 18 de junho de 2018

OBRAS DO ACASO

“OBRAS DO ACASO”

Nem sempre aquele que mais ri,

É o mais feliz, tola ilusão;

Nem sempre aquele que mais trabalha,

É o que ganha o pão.

Nem sempre o mais falante,

É o que tem o dom da prece;

Ou o mais previdente,

É aquele que enriquece.

Nem sempre o mais corajoso,

É o que comanda o batalhão;

Ou o mais habilidoso,

É o cirurgião.

Nem sempre o mais valente,

É o que ganha a luta;

Ou aquele que se diz trabalhador,

É o que labuta.

Nem sempre o mais veloz,

Ganha a corrida;

Ou aquele que é mais forte,

Ganha um prato de comida.

Nem sempre aquele que tem mais fé,

É o escolhido;

Ou aquele que se diz fiel,

É o homem ungido.

Tudo são obras do acaso,

Tudo são obras do incerto tempo;

Fazendo dos momentos mero acaso,

Fazendo do acaso seus momentos.

*J.L.BORGES



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