SEDA DA CHINA
Eu te encontrei em um caminho tão disperso,
A cantar versos de amor e sedução;
Para mim eras virgem na experiência,
E pouco a pouco me ganhastes o coração
Só agora percebi que me enganei,
Pouco sei, nada sei da tua vida;
Caminhamos em um caminho, lado a lado,
E agora, nem adeus nem despedida.
Minhas lagrimas e teus trajes de seduzir,
Só me fazem bem mais triste no caminho;
Onde espinhos de outrora me feriram,
Hoje és tu, flor opaca a denegrir.
Não adianta tu ficar assim magoada,
E jogada nesta estrada de incertezas;
Tua beleza eu sei, é tua tristeza,
E teu riso para mim não vale nada.
No casulo da duvida o teu sucesso,
Tornou-se ponto de interrogação;
És lagarta a tecer meus tristes versos,
Que te elevam logo ali na solidão.
Meus caminhos contigo dispersaram,
Sem adeus e sem afagos fostes embora;
E esta seda que hoje tens em frágil corpo,
São minhas lagrimas de amor minha senhora.
*J.L.BORGES
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