DESEJO ABSTRATO
O ruido da noite perturba meu sono,
Dantesco abandono de minha alma aflita;
Sou escasso de ti, não sou nem teu dono,
Sou alma calada em noites malditas.
O som do escuro confunde minha alma,
São anjos? não sei, ou demônios noturnos,
Que chegam em silêncio e aos poucos acalmam,
Aquela saudade de um homem soturno.
A noite prossegue, eu o homem também,
Caminhando lentamente na noite sedenta;
Procuro o ódio, o amor de alguém,
Que complete meu tempo numa paixão violenta.
Desejo bijarro, volupia dantesca,
Utopico surrealismo num quadro abstrato;
E assim que me sinto nesta noite grotesca,
Buscando a mulher para gemer em meu quarto.
*Jorge Luis Borges
Brasil-2021/08
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