MARIA BONITA
Teu corpo molhado cheira,
A flor de maracujá;
Tua vos é musica bonita,
Na minha alma a entoar.
As emoções da Europa
A ti jamais não se compara;
Teu corpo que me sacia,
É licor, enibrianate avis rara.
Nem mesmo em outro planeta,
Existe beleza assim,
Mulher que meus olhos atenta,
Quando olhas para mim.
Pode vir todas as tropas,
Do Oiapoque ao chui;
Que eu enfrento sem ter medo,
Só para não me afastar de ti.
Pra ter teu amor, querida,
Enfrento qualquer policia
Pra ter os carinho dela,
Não temo nem a justiça.
Pra ficar sempre com ela
Não temo exercito ou marinha,
Eu quero ficar com ela,
Sou dela a erva daninha.
Pode vi todos os quarteis,
Todo o batalhão naval;
Toda a força policial,
Que não te deixo, oh! rainha.
A denguice da tua vos,
Sempre é musica bonita;
Mas a maior maravilha,
E este amor que em mim palpita.
Teus lábios de mel, tua boca,
Tem frecor de água pura;
E teu beijo minha ptenda,
Afasta a sede, dá frescura.
Me zango se não te tenho,
Pois o meu amor maneiro;
É bomba pronta a explodir,
Neste meu Brasil inteiro.
Se falam que não te quero,
É história para boi dormir
Nas tua ausência te espero,
Nunca amor eu te trai.
O meu pecado mortal,
Será se pra ti mentir;
Mas falat que não te quero,
E cunvesa para boi dormir.
Se to contigo me acalmo,
Fico meigo igual cabrita;
Assossegado nas relva,
Deste teu corpo bonito.
Teu corpo que me enfeitiça,
É borboleta do campo;
Meus olhar que te cobiça,
Longe de ti, triste pranto
Tua beleza e tão grande,
Que nenhum poeta explica;
Borboleta do meu campo,
Fingindo que me intica.
Sou gaúcho desassombrado,
Não temo as traições do destino;
Com minha flor do campo a meu lado,
Pareço até um menino.
Eu levo tudo numa boa,
Sem temer a judiação;
Nem demônio eu temo não,
Pois te tenho, minha paixão.
No exercicios do amor,
Não canso de navegar;
Num mar de tanta frescura,
Vontade de saciar
Mato a sede nos teus beijos,
Boca de maracujá;
Rainha dos meus desejos,
Da terra e também do mar.
Sou forte no meu cansaço,
Afasto qualquer preguiça;
Quando estou neste teus braços,
De formosura e conquista.
As malvadesas do mundo,
Some com tua presença;
Se sou bandido um segundo,
Tua douçura compensa.
Mulher brava que nem demônio,
Mais doce que pão de ló;
Sem teu amor não me acho,
Sem tu eu me sinto só.
Eu posso travar batalha,
Que ninguém vai separar;
O meu zoio do teu trigo,
Minha sombta de marica.
Meu amor sou teu escravo,
Pois tu é s rainha,
Tua paixão é daninha,
Deusa deste meus encantos.
Mulher que afasta este pranto,
Vem e vamos vadiar;
A lua por testemunha,
No céu azul a brilhr.
Depois meu coração em festa,
Te fará uma canção;
Pois tu minha doce tesão,E dona do meu coração.
*JORGE LUIS BORGES
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