“BOIS DE PIRANHA”
Eu vejo neste cotidiano imutável,
O suor do povo oprimido;
Sustentando a fome voraz dos governantes,
Nos quatro cantos da terra.
Eu vejo neste cotidiano implacável,
Os calos nas mirradas mãos dos miseráveis,
A erguerem palácios suntuosos aos opressores,
Em toda a parte do mundo.
Esta é a vida curta e sem sentido,
A dura realidade do povo escravizado;
Aplacando a ganancia daquele que o governa,
Em qualquer lugar do planeta.
Por que esta diferença oceânica de riqueza?
Milhões a poucos e centavos para milhões...
Por que esta diferença ferrenha do livre comercio,
Na hedionda lei da oferta e da procura?
Onde está a liberdade pregada pela democracia?
Onde está a liberdade defendida pelo capitalismo;
Pelo comunismo, pelo ateísmo e pelas religiões?
A tempos a procuro, não consigo encontra-la.
Assim constato humildemente e com tristeza,
A liberdade de fato não existe;
E sendo assim percebo claramente,
Que o homem é lobo do homem em qualquer questão.
E nesta disputa entre o capitalismo e o comunismo,
Nesta guerra entre o ateísmo e a religião;
Quem paga o pato é sempre o povo,
Esta multidão de miseráveis vagando na face da terra.
*J.L.BORGES
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