GAIOLA DOURADA
A gaiola dourada que a tempos me destes,
Que lamento, são vestes da negra prisão;
Janelas mosqueadas e portas cerradas,
O elo quebrado da nossa ilusão.
Assim na gaiola quem fica trancado,
Quem fica fechado é meu coração;
De nada me serve agrados, presentes,
Se andamos ausentes da terna paixão.
E como um pássaro eu canto tristonho,
Tão longe do sonho e felicidade;
Somente a canção que sai da garganta,
Encanta minha vida, ai!ai! Quê saudade!
Saudade dos tempos em que meu viver,
Não era trancado em dourada gaiola;
Eu tinha amigos, era doce o amor,
Que dor! Hoje tenho somente a viola.
*JORGE LUIS BORGES
BRASIL
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