terça-feira, 28 de janeiro de 2020

GAIOLA DOURADA


GAIOLA DOURADA


A gaiola dourada que a tempos me destes,

Que lamento, são vestes da negra prisão;

Janelas mosqueadas e portas cerradas,

O elo quebrado da nossa ilusão.


Assim na gaiola quem fica trancado,

Quem fica fechado é meu coração;

De nada me serve agrados, presentes,

Se andamos ausentes da terna paixão.


E como um pássaro eu canto tristonho,

Tão longe do sonho e felicidade;

Somente a canção que sai da garganta,

Encanta minha vida, ai!ai! Quê saudade!


Saudade dos tempos em que meu viver,

Não era trancado em dourada gaiola;

Eu tinha amigos, era doce o amor,

Que dor! Hoje tenho somente a viola.


*JORGE LUIS BORGES

 BRASIL


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