sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

A CHEGADA DE JORGE NA CAPITAL



   A CHEGADA DE JORGE NA CAPITAL


   …Então Jorge resolveu ir pra cidade grande.

   Achava tudo monótono na sua cidadezinhado do interior,  sem futuro dizia ele.

   Conversou com os amigos, com a sua avó, com seu vizinhos, e até com sua namorada.

   Tentaram faze-lo desistir desta idéia maluca, diziam ele; mas de nada adiantou, ele resoluto firmou sua decisão aventureira de sair de sua cidade e ir para a capital.

   Seus amigos resolveram pedir para a sua avó tentar faze-lo mudar de ideia, mas ele já estava decidido. 

    E assim seus amigos viram na rodoviária ele pegar o ônibus da empresa Frederes e partir…era final de 1977.

   O ônibus chega na rodoviária de Porto Alegre, ja era começo  de noite, uma noite agradável de primavera.

   Jorge desce do ônibus e sai ligeiro, pega sua mala com poucos pertences, mas cheia de esperança e sonhos, e segue rumo ao lugar combinado por seus parentes,uma loja de calçados de sua mãe na galeria central.

   Entra na avenida Voluntários da Pátria  que surpresa ! Olha os edifícios iluminados por lâmpadas fluorescentes, bem mais alto que os prédios da sua terra.

   Ouve atordoado o ruído ensurdecedor dos automóveis (poucos em sua cidade) mas um montão na cidade grande, veículos estes em seu incansável vai e vem pelas avenidas.

   Vê o movimento incessante das pessoas frenéticas pelas calçadas nuas e escassas de arvores e flores.

   Seus olhos ofuscam-se com a confusão de luzes e cores que o deixam atordoado.

   Treme de medo e duvidas.

   Olha ao alto, cadê as estrelas?

   O céu está cinzento, parece chuva, parece nuvens, ou talvez poeira. 

   Mas poeira de que? Ele só vê concreto naquele lugar esquisito. 

   Olha novamente, cadê a lua prateada que todas as madrugadas olhava para ele?

   Cadê as arvores? 

   Cadê os passarinhos?     

   Cadê o lugar  encantado que ele sonhava encontrar na tal de cidade?

   Nisso lembra um conselho de sua avó antes dele partir, e então pega os poucos trocados que tem e os guarda no bolso interno de sua calça e uma nota de 500 cruzeiros deixa jo bolso traseiro da calça. 

   E segue pela avenida confuso e extasiado pelo movimento pulsante da grande cidade.

   Nisso uma bela moça chega até ele e despudoramente faz carinhos obscenos no jovem rapaz.

   E derepente, assim como chegou a ele ,ela vai embora; ele a olha sumir ao longo da avenida Voluntários.

   Volta tenuanente a sua realidade,num impulso apalpa seu bolso e para sua surpresa cadê os 500 cruzeiros?

   Coitado do Jorge, confuso e pateta na cidade grande.                                                                                   


   *J.L.BORGES

   

 



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