AMOR, DEVASSO AMOR
Deixa-me apagar este teu fogo,
Afagar esta chama tempestuosa e envolvente,
Onde teus beijos é um molhado gozo,
Raios e trovões, desejos indecentes.
Deixa-me suavizar sua ânsia de amar,
Eu não sou barco, eu sou navegador;
Flutuando sobre as ondas traiçoeiras de teu mar,
Que quase naufrago nos açoites deste amor.
Um amor devasso que acaricia e me destrói,
Quando com ternura hipnótica meu coração rói,
Nesta fome nefasta e incontrolável.
É assim que me invades com brandura,
E igual fera alada, inocente e indomável,
Sem dó e piedade meu corpo e alma mói.
*JORGE LUIS BORGES
quarta-feira, 29 de maio de 2019
AMOR,DEVASSO AMOR
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