REFLEXO NO ESPELHO
Vejo rios que choram ácidos,
Vejo céus que jorram chumbo,
As estradas nos devoram,
Me apavoro e jorro lagrimas.
Das lavouras sorvo pães,
Recheios de agrotóxicos;
Pobre povo incoerente,
Tantas crianças sem mães.
Nos pomares do viver,
Vejo a inocência drogada;
Nos escombros desta vida,
Construímos quase nada
Vejo vermes rastejantes,
Nas estradas do morrer;
Vejo entulhos nas entradas,
Do nirvana a fenecer.
Vejo tudo tão errado,
Nos reflexos deste espelho;
E este mundo torto e errante,
Chora em meus olhos vermelhos.
Vejo no fundo do escuro,
Cachoeiras que escorrem magoas;
Abismos onde morrem as águas,
No trincado e fosco escuro.
*J.L.BORGES
Nenhum comentário:
Postar um comentário