quarta-feira, 7 de julho de 2021

PROMESSA, APENAS PROMESSA

     PROMESSA, APENAS PROMESSA


     Era uma noite de inverno, fazia um frio horripilante, pra não dizer congelante, perto do meio fio de uma calçada em frente uma magnífica mansão um senhor idoso tirititava de frio em meio a papelões e trapos imundos, nisso sei lá o porquê, ou motivo, uma limosine para ao lado do desafortunado e um homem no banco de trás do veículo abre uma fresta da janela e pergunta ao tirititante homem como ele podia aguentar tanto frio, o desinfeliz lhe fala que já estava acostumado pois seus trapos e papelões protegiam sua pele do intenso frio.

     O homem então lhe fala para jogar fora aqueles sujos papelões e seus trapos imundos pois mandaria alguem lhe levar quentes cobertores, alguns casacos de couro e de lã e também quentes e aconchegantes mantas, e entra em sua mansão, o velho senhor imediatamente joga fora os  papelões e os trapos encardidos que caem na boca de lobo da calçada, o burgues entra em sua mansão, conversa com um seviçal, com outro serviçal e se dirige a uma tele reunião com alguns empresários e acaba esquecendo-se do velho senhor, lá fora o homem fica no aguardo e o frio começa a castigar seu corpo semi nú, ele cansado de esperar e já quase azul de frio  pega um galho de árvore e tenta  pescar seus trapos.

     Logo pela manhã o burguês  ao sair de sua mansão vê algumas pessoas a redor de um corpo sem vida enrigesido pelo frio da noite anterior, a seu lado um galho de árvore e um trapo em sua ponta, nisso ele lembra da promessa que tinha feito a desafortunada criatura…

     Aquilo foi um grande choque que atingiu em cheio a consciência do burguês.


     *J.L.Borges Rodrigues

     Guaíba, 2021/07

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