CANTIGA EM TORNO DA MORTE
A morte é sorte maldita,
Ao nascermos somos sorteados;
A ferro, a fogo e a brasa,
Por ela somos marcados,
Quem gosta da boa morte,
Esta fera devoradora?
Acredito que ninguem,
Goste da louca senhora.
Jamais existirá alguém,
Que em sã consciência a abrace;
Eu duvido alguém que ouse,
Acariciar sua face.
Dela jamais escaparemos,
Esta criatura macabra;
Sua porta sempre entre aberta,
Esperando alguém que a abra.
*Jorge Luis Borges
2021/03
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