CANTIGA EM TORNO DA MORTE
A morte é pano escuro,
Obstruindo a luz da alvorada;
Sono sem sonho e futuro,
Sem prazer e dor, sem nada.
A morte devora o corpo,
Mas espírito e alma jamais;
Ao morrer alcança-se o bom porto,
Conquista-se a suprema paz.
Não a paz que engana o corpo,
Inflama e cobra sem dó,
Seu falso e frágil conforto.
Mas aquela paz alcançável,
Além da vida e do pó,
Que aqui jamais é palpável…
*JORGE LUIS BORGES
GUAIBA/BRASIL
2020/04
Nenhum comentário:
Postar um comentário