quarta-feira, 13 de maio de 2020

CANTIGA EM TORNO DA MORTE


CANTIGA EM  TORNO DA MORTE


A morte é pano escuro,

Obstruindo a luz da alvorada;

Sono sem sonho e futuro,

Sem prazer e dor, sem nada.


A morte devora o corpo,

Mas espírito e alma  jamais;

Ao morrer alcança-se o bom porto,

Conquista-se a suprema paz.


Não a paz que engana o corpo,

Inflama e cobra sem dó,

Seu falso e frágil conforto.


Mas aquela paz alcançável,

Além da vida e do pó,

Que aqui jamais é palpável…


*JORGE LUIS BORGES

 GUAIBA/BRASIL

 2020/04

Nenhum comentário:

Postar um comentário