QUESTIONAMENTO SOBRE A MORTE
A morte é um questionamento que ninguém gosta de abordar, é um tabu quase proibido de falar, porem é um tema serio que pode ser abordado tanto na mesa de um bar ou em uma congregação, assunto de saída, assunto de entrada, é porta escancarada ou lacrada a reencarnação ou ressureição, depende certamente da crença da pessoa.
Assim me atrevo a perguntar, existe morte boa? Existe morte preferencial? Existe morte atoa? Tudo é plausível, tudo é possível quando o pensamento voa.
Qual será a melhor morte, volto a perguntar; depende da morte do sujeito diremos nós, quer seja do sul, quer seja do norte.
Qual é o morrer correto, qual é o morrer perfeito; morrer em um acidente de carroça no interior de Bossoroca, ou em um desastre de avião entre o Brasil e a Europa?
Ter um ataque fulminante ao capinar de sol a sol nos confins da Chuvisca, ou de hipotermia ao esquiar nos Alpes da Suíça? Atrevo-me a perguntar sim, dá pra ter o que falar.
Qual será o preferível, morrer atropelado (Ó coitado) fazendo biscate, catando latinhas, na Cruzeiro ou na Rocinha, ou em um naufrágio de seu Iate nos mares do sul ao lado da rainha?
Qual será a melhor, repito eu, dependerá da sorte ou má sorte do sujeito, quer seja ele incorreto, ou seja, perfeito?
A morte é um questionamento ponderável, mas que ninguém gosta de ponderar, é assunto abordável, mas que ninguém gosta de abordar (Até na Ave Maria evitamos nele falar),são palavras que jogamos ao vento, um tabu indesejável que dá o que calar, alguns dirão, depende sim da sorte do sujeito, quer seja correto, quer seja imperfeito, sei lá o seu direito, alguns assim dirão que dependendo da morte este é o seu premio (premio?), pelo que ele fez em sua vida, medíocre ou atrevida, atribulado ou aborrecida.
O seu futuro pós morte? Este apenas o mestre sabe a resposta.
JORGE LUIS BORGES
GUAÍBA/BRASIL
2020/01
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