sábado, 1 de fevereiro de 2020

E AGORA


          E AGORA?


          No final de 1977 sai do interior e fui para Porto Alegre na intenção de ter sucesso profissional que na minha terra natal pensava não ter,  queria com isso melhorar de vida, etc., etc.; e assim deixei Camaquã, deixei também de ser um rapaz interiorano.

          Tinha muitos familiares na capital, mas mesmo assim fui morar em uma pensão no Passo da areia, uma pensão familiar muito acolhedora, e com três refeições diárias, e isso era muito bom.

          Logo arrumei um emprego de balconista na casa Pandolfo, uma ferragem próxima a pensão,  me adaptei facilmente por ter colegas muito agradáveis

          O tempo passou...passou e agora nesta minha auto reflexão fico a pensar; 

 qual era o meu patrimônio? Quais os meus bens? Uma meia dúzia de calças, uma meia duzia de camisas e camisetas, uns pares de sapatos e tênis, algumas roupas de baixo e uns casacos, também  pequenos objetos de meu uso diario, tais quais um relógio Aureole que ganhei de meu pai, uma maquina fotográfica Kodak comprada de segunda mão em Camaquã, e um radio gravador National zero quilometro, bicicleta nem pensa era artigo de luxo na época.

          Minha rotina além do trabalho eram boas risadas e conversas jogados ao vento com os colegas de firma e de pensão, além de todo o sábado ir religiosamente ao cinema no Cacique, Plaza e são João e algumas vezes a festas dançantes no Star Club, ou no Polônia e nos domingos a tarde futebol no Olímpico.

          Hoje me pergunto: 

          O que eu tinha naquele tempo?       

          Tinha a felicidade.

          E agora?


          *JORGELUIS BORGES

            BRASIL



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