quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

O ÚLTIMO CORTEJO


O ÚLTIMO CORTEJO


Aos poucos eles chegam, dezenas talvez,

E ele os espera envolto em silencio;

Sorrisos amarelos e abraços apertados,

Uma lágrima que escorre, suspiros e afetos.


Alguns cafezinhos, cigarros também,

Pigarros...conversas fluindo aos poucos;

E ele em silêncio parece dormir,

Algumas pessoas orando de fato.

Ele hirto e rígido será que ouve estas preces?


Inicia-se o cortejo e sem dar adeus,

Ele vai mansamente carregado por outros,

Depois da jornada o lugar o espera,

Derradeiro e escuro, parece prisão,

É um escuro aposento bem perto dos deuses.


Lá ele é deixado e os outros partindo,

Não sabem sua hora de partirem tambem;

Novamente sorrisos e abraços apertados,

Eles seguem em silencio de volta a seus lares.


*JORGE LUIS BORGES

 BRASIL



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