VELHO CARRANCUDO
Este velho carrancudo,
Está chegando devagar;
Tão zangado, não tem papo,
Ele veio e quer ficar.
Trás com ele a doida chuva,
E este vento inconseqüente;
Fecho a porta, e boto a blusa,
Pois a doida molha a gente.
Deixa o dia tão escuro,
E as noites longas e lentas;
Pobre lua! Deusa nua,
Solitária e friolenta.
Vejo o sol tão distraído,
Entre nuvens disparçadas;
Ele dorme retraído,
Numa cama disfarçada.
Este velho carrancudo,
Tem o tempo de ir embora;
Mas ficou, velho teimoso,
Cativou as longas horas.
*J.L.BORGES
Nenhum comentário:
Postar um comentário