domingo, 1 de abril de 2018

VELHO CARRANCUDO

VELHO CARRANCUDO

Este velho carrancudo,

Está chegando devagar;

Tão zangado, não tem papo,

Ele veio e quer ficar.

Trás com ele a doida chuva,

E este vento inconseqüente;

Fecho a porta, e boto a blusa,

Pois a doida molha a gente.

Deixa o dia tão escuro,

E as noites longas e lentas;

Pobre lua! Deusa nua,

Solitária e friolenta.

Vejo o sol tão distraído,

Entre nuvens disparçadas;

Ele dorme retraído,

Numa cama disfarçada.

Este velho carrancudo,

Tem o tempo de ir embora;

Mas ficou, velho teimoso,

Cativou as longas horas.

   *J.L.BORGES





Nenhum comentário:

Postar um comentário