“OS RATOS”
Enquanto o pobre naufraga lentamente,
As nulidades prosperam a céu aberto;
A custa do sangue dos inocentes,
Este povo tolo e capacho.
Procuro uma luz, mas não acho,
Não encontro saída neste labirinto;
Duvidas me ferem, mas precinto,
Que esta ratataia é a causa disso tudo.
Alguns ratos protestam, mas não me iludo,
Os ratos controlam a justiça, o martelo;
São os ratos que soltam outros ratos, é vero,
E encarceram o pé de chinelo.
Quão cruéis são estes escrotos,
Chagas do povo, este povo que é Cristo,
Jogados na sarjeta, a mercê desses ratos de esgoto.
A nau vai a pique, isso eu sinto,
E os ratos aos poucos abandonam a nau;
E só ficam nela este povo faminto...
*J.L.BORGES
GUAÍBA, 2017
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