quinta-feira, 26 de abril de 2018

OS RATOS

“OS RATOS”

Enquanto o pobre naufraga lentamente,

As nulidades prosperam a céu aberto;

A custa do sangue dos inocentes,

Este povo tolo e capacho.

Procuro uma luz, mas não acho,

Não encontro saída neste labirinto;

Duvidas me ferem, mas precinto,

Que esta ratataia é a causa disso tudo.

Alguns ratos protestam, mas não me iludo,

Os ratos controlam a justiça, o martelo;

São os ratos que soltam outros ratos, é vero,

E encarceram o pé de chinelo.

Quão cruéis são estes  escrotos,

Chagas do povo, este povo que é Cristo,

Jogados na sarjeta, a mercê desses ratos de esgoto.

A nau vai a pique, isso eu sinto,

E os ratos aos poucos abandonam a nau;

E só ficam nela este povo faminto...

*J.L.BORGES

GUAÍBA, 2017

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