FERA
Achas que serei teu escravo?
Te liga! Eu nunca serei;
No meio deste monte de estrumes,
Tu bem sabes que ainda sou rei.
Tu gritas, mas é apenas teatro,
Tuas zangas diária é uma josta;
Se te quero, se te xingo, se te bato,
Reclamas, mas sei que tu gostas.
Es mundana mulher atrevida,
Reclamando se te bato na cara;
Se te curro es mulher pervertida,
Teu tesão a ninguém se compara.
Nosso amor é um elo fatal,
Onde o amor, de tão forte definha;
Nestas brigas e coisa e tal,
Sou teu pasto e tu vaca daninha.
E te digo, tu es minha sina,
Es talvez minha paz decadente;
Es mulher tão devassa, daninha,
Me engolindo nesta forma envolvente.
*J.L.BORGES
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