O DIA DO ÍNDIO
Meu pensamento viaja devagar,
A um passado distante e mais seguro;
Um tempo de paz e de futuro,
Onde o índio era o dono do lugar.
Um tempo de homens seminus em liberdade.
É bem verdade, não se conhecia brancos;
Eram gente simples, de semblante franco,
Despidos de egoísmo e de maldade.
Não matavam por matar, pois cultuavam,
A mãe natureza e os dons do universo;
A tupã adoravam em simples versos,
E aos seres da floresta, a todos amavam.
Mas chegaram os europeus em naves estranhas,
E também com estranhos conhecimentos;
Destruíram a cultura do momento,
E rasgaram com cidade as montanhas.
Como pragas dominaram quase tudo,
Afastando as criaturas de seu lugar;
Hoje o índio não tem terra pra plantar,
Nada tem, isto eu sei e não me iludo.
Assim vão morrendo pouco a pouco,
Suas tradições, seu orgulho, sua cultura;
São humilhadas estas poucas criaturas,
Por estes homens de face branda e alma louca.
E hoje ao índio o quê sobrou?
Apenas um dia transvestido de bondade;
Pobre ser, desprovido de maldade,
Suas malocas a beira estrada é o que restou.
*J.L.BORGES
Nenhum comentário:
Postar um comentário