LEITE DE ONÇA
Eu bebi leite de onça,
É por isso que sou brabo;
Só não gosto de bagunça,
E nem de sopa de quiabo.
Fico virado uma fera,
Quando alguém conta mentiras;
Meu berrante ao pé da serra,
Berra e geme igual caipira.
Eu já fui peão de estância,
Hoje sou velho estanceiro;
Desde de novo uma criança,
Já rodei o mundo inteiro.
Ainda lembro deu menino,
No meu cavalo de pau;
Quis as forças do destino,
Me tornar um homem mau.
Mas de fato o meu deleite,
É que sou de bem oh! Gente;
Meu defeito e beber leite,
De onça com aguardente.
*Jorge Luis Borges
Gravataí 06/2022
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