domingo, 26 de dezembro de 2021

EMBOLIA

EMBOLIA


Me falta ar quando te vejo,

Nunca te beijo, mas sinto o gosto,

O gosto doce desses teus beijos,

Nas três mil luas de meu agosto.


Fico suado e com febre intensa,

Se tua ausência eu sinto em mim;

Só me conforta a tua presença,

Nas dez mil rosas deste jardim.


Eu não sei bem qual o remédio,

Para afastar de mim esta embolia,

Que sufoca a mil meu coração,

Nas tardes quentes e noites frias.


Mas sei meu bem que Teu olhar,

Que as vezes me dás sem intenção,

Em doses certas irá curar,

E reforçar minha paixão.


*Jorge Luis Borges

 (Brasil)

 Guaíba RS 2021/12


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