POVO CANSADO
Ando cansado desses senhores,
São predadores, perfeitas feras;
Sem primaveras flores horrores,
Tantos pavores e tontas feras.
Ando cansado (nem vou dormir),
Pra não sonhar estes lamentos;
Maldito evento a denegrir,
O meu sorrir neste momento.
Ando cansado da triste vida,
Esta feri9da em minhas entranhas;
A dor tamanha da despedida,
É paz partida, dóida e estranha.
Ando cansado nesta estrada,
Voz sufocada, e eu me amasso;
O que fazer? Não quero entrada,
Mal retocado eu me desfaço.
Lento prossigo, cansado ando,
E andando denso eu nada posso;
Se um osso ganho eu nem me zango,
E o provando caio no fosso.
Sou este povo que não progride,
E nem inibe o opressor;
Povo calado que não agride,
Nunca revida, só “Sim senhor”.
*J.L.BORGES
Este é o nosso Brasil
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