quarta-feira, 10 de maio de 2023

MEUS ESQUELETOS

MEUS ESQUELETOS


São  tantos os esqueletos escondidos,

Alguns que eu amava e outros que mal vi;

Esqueletos de uma vida inteira mal fadada,

Que a  tempos sustento pois não os esqueci.


Hoje olhei embaixo de minha cama,

E lá estava um sorrindo para mim,

Olhar vazio perdido num sem fim, 

Uma boca escancarada sorrindo para mim.


Com medo me escondi no fundo do armário, 

Estremeci  quando ele me abraçou, 

O velho esqueleto de um tempo já passado,

Meus velhos medos de um tempo que passou.


Existem eu sei outros esqueletos escondidos,

Uns em minha garagem arcaica e bagunçada;

Outros enterrados no fundo de meu quintal,

São esqueletos que alimento ao longo da jornada.


Eles então sempre a  meu lado,

Tentando em vão mudar aquilo que passou;

Mas não vou deixar que os meus esqueletos,

Mudem minha vida pois esqueleto eu sou.


Por isso hoje tomei a triste decisão, 

Vou ter que meus esqueletos parar de alimentar;

Com os frutos do passado que a vida aqui deixou,

E eu em minha dispensa os tento armazenar.


*Jorge Luis Borges

Guaiba,Abril 2023


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