MEUS DEZ ANOS DE IDADE
Eu tenho tanta saudade,
Daqueles dias floridos;
Os meus dez anos de idade,
Lá no passado, escondido.
Um bom tempo que marcou,
A minha suave infância;
Hoje bem mais velho estou,
Mas lembro bem da estância.
A bela estancia de sonhos,
Eu leve, de alma tonta;
Fingindo instantes medonhos,
Num brincar de faz de conta.
Eu levitando em cavalos,
De paus, fingindo verdade;
O cantar do velho galo,
Ai meu Deus,Quanta saudade!
Ouvindo eu tantas histórias,
Num cantinho do sem fim;
Lá no fundo da memória,
Ai! Que saudade de mim.
Dez anos que eu tinha apenas,
Bem me lembro da escola;
A doce vida serena,
Eu e amigos a jogar bola.
A menina mais bonita,
Minha primeira namorada;
A paixão terna e bendita,
Hoje poeira na estrada.
O tempo passou depressa,
Meus cavalos, meus amigos;
E a saudade não cessa…
Até parece castigo.
Hoje sou de um tempo antigo,
Um tempo sem muita pressa;
Vivendo de bem comigo,
E a saudade recomeça…
Fecho os olhos e em outro plano,
Me vejo criança sim,
Correndo com meus dez anos,
Que estão dentro de mim.
*Jorge Luis Borges
2021/10
Guaíba (Rs) Brasil
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