ALMAS GÊMEAS
Era igual campo de flores;
Os ventos beijos de amores,
Tudo era encantado.
Nós vivíamos sorrindo,
Os dias era mais lindos,
As noites mais estreladas.
Caminhavamos pelos campos,
Da vida, sem medo ou pranto,
E os sonhos tão bom que era.
Nada de mal nós abalava,
O sol da vida brilhava,
Nesta nossa primavera.
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Chegou então o verão,
E nós nos dávamos a mão,
Em todo o caminhar.
Sorrisos e braços dados,
Aqueles abraços apertados,
Frenético modo de amar.
O sol ardente brilhava,
Nosso peito em vão queimava,
Caudalosos os nossos beijos.
O mar molhava seu corpo,
Tudo era gozo e conforto,
Na ardência de nossos desejos.
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Veio depois o outono,
Um mar de dúvidas e o engano,
As brigas e o recomeço.
As folhas secas caíram,
Nossos sorrisos sumiram,
E a gente pagou o preço.
Quase deu separação,
Da poesia e a canção,
Faltava rima no amar.
Mas conseguimos o ritmo,
Bem lá do fundo, no íntimo,
E a ternura foi retornar.
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Chegou por fim o inverno,
Naquele jeito fraterno,
De pintarmos a esperança.
Sim, pintarmos com paciência,
E enfeitarmos as ausências,
Com nossas doces lembranças.
Lembranças que fazem bem,
Que aqui no peito elas vem,
Naquele jeito que acalma.
E neste inverno da vida,
Estou com você querida,
Somos dois numa só alma.
*Jorge Luis Borges
Guaíba…072022
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