terça-feira, 8 de setembro de 2020

TESOUROS DE SANGUE


TESOUROS DE SANGUE


Os fantasmas que rondavam meu passado,

São os mesmos que assombram meu presente,

Colheita maldita esta semente,

De sangue em meus tesouros acumulados.


Sinto sem mérito, oh! Gente bendita,

Que no passado sem pena derrubei;

Que iludi e que roubei,

Para agregar esta fortuna vã e maldita.


Hoje sem graça me considero um desgraçado,

Taça vazia nesta sede de poder,

Ter ou não ter, pobre coitado.


Tola ilusão, sangue a verter,

De meu irmão que no passado,

Eu explorei ao bel prazer.


*JORGE LUIS BORGES

2020/08

Nenhum comentário:

Postar um comentário