ENTRE A LOUCURA E A LUCIDEZ
A amo tanto que o sono perco, e a razão,
E neste abandono sufoco e quase morro;
E em meu socorro quem vem nas noites horrendas?
Só a dor que venta e derruba a ilusão.
Fico pedindo então um pouco de pão e vinho
Mas nem um beijo recebe este eu sozinho;
Que a vê tão bela e tão cruenta em meus devaneios,
Que até minha paz mal aguenta a falta dela.
E assim me encontro e me perco nesta lucidez,
Sem vez que acende esta loucura estranha,
Nas entranhas da ternura, as noites de tormenta.
Meu coração vagabundo não mais aguenta
E geme de paixão nesta tonta utopia,
Quando a noite insensata sem dó engole o dia.
*Jorge Luis Borges (Brasil)
Guaiba Rs …07/2024
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