quarta-feira, 3 de julho de 2024

ENTRE A LOUCURA E A LUCIDEZ

ENTRE A LOUCURA E A LUCIDEZ 


A amo tanto que o sono perco, e a razão, 

E neste abandono sufoco e quase morro;

E em meu socorro quem vem nas noites horrendas? 

Só a dor que venta e derruba a ilusão. 


Fico pedindo então um pouco de pão e vinho    

Mas nem um beijo recebe este eu  sozinho; 

Que a vê tão bela e tão cruenta em meus devaneios, 

Que até minha paz mal aguenta a falta dela. 


E assim me encontro e me perco nesta lucidez,

Sem vez que acende esta loucura estranha, 

Nas entranhas da ternura, as noites de tormenta. 


Meu coração vagabundo não mais aguenta

E geme de paixão nesta tonta utopia, 

Quando a noite insensata sem dó engole o dia.


*Jorge Luis Borges (Brasil)

Guaiba Rs …07/2024




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