quinta-feira, 25 de setembro de 2025

O GAUCHO VERDADEIRO


O GAÚCHO VERDADEIRO

O bom gaucho de fato,  
Não toma banho de chuveiro;
Se não for em açude ou sanga, 
Ele toma banho de gato,
Sob a sombra das Figueiras.

Gaucho bom não se zanga,
Se alguém o chama de grosso,
Nem mesmo faz alvoroço; 
Puxa um cepo e se abanca,
Pra cevar o chimarrão. 

Percebo que o Gaúcho bom, 
Ri alto e fala gritando;
Mascando um naco de fumo,
Amolando o seu facão, 
Depois de cuspir no chão. 

O bom gaucho aos domingos, 
Se distrai em carreiradas,
Também no jogo de osso;
Chegando segunda feira, 
Sua lida são as tropeadas.

Todo o Gaúcho é gritão,
É o seu jeito verdadeiro,
Gauderio e namorador;
Porém e bom companheiro,  
Da prenda,sua bela flor.

O Gaúcho é um bicho andante,
Vagando de pago em pago,
A procura de aventuras;
Carteando nos bolichos,
Bebendo goles de trago. 

O gaucho verdadeiro, 
Sempre volta a sua querência,
Sempre retorna ao seu pago;
Na terra que lhe deu a vida 
É lá que perde a vivência. 

E no seu leito derradeiro,
Quer ser na beira das sangas,
Ou nas beiradas dos açude;
Tem falo de amiude,
E lá que nascem as figueiras.
………………………………..
Fecho os olhos e por instantes,
Vejo assim um quadro lindo;
Um sol brilhando em rompantes , 
Retrando em tons brilhantes,
O gaucho, o cusco e o pingo. 

*Jorge Luis Borges 
Guaiba 20/09/2025

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