O GAÚCHO VERDADEIRO
O bom gaucho de fato,
Não toma banho de chuveiro;
Se não for em açude ou sanga,
Ele toma banho de gato,
Sob a sombra das Figueiras.
Gaucho bom não se zanga,
Se alguém o chama de grosso,
Nem mesmo faz alvoroço;
Puxa um cepo e se abanca,
Pra cevar o chimarrão.
Percebo que o Gaúcho bom,
Ri alto e fala gritando;
Mascando um naco de fumo,
Amolando o seu facão,
Depois de cuspir no chão.
O bom gaucho aos domingos,
Se distrai em carreiradas,
Também no jogo de osso;
Chegando segunda feira,
Sua lida são as tropeadas.
Todo o Gaúcho é gritão,
É o seu jeito verdadeiro,
Gauderio e namorador;
Porém e bom companheiro,
Da prenda,sua bela flor.
O Gaúcho é um bicho andante,
Vagando de pago em pago,
A procura de aventuras;
Carteando nos bolichos,
Bebendo goles de trago.
O gaucho verdadeiro,
Sempre volta a sua querência,
Sempre retorna ao seu pago;
Na terra que lhe deu a vida
É lá que perde a vivência.
E no seu leito derradeiro,
Quer ser na beira das sangas,
Ou nas beiradas dos açude;
Tem falo de amiude,
E lá que nascem as figueiras.
………………………………..
Fecho os olhos e por instantes,
Vejo assim um quadro lindo;
Um sol brilhando em rompantes ,
Retrando em tons brilhantes,
O gaucho, o cusco e o pingo.
*Jorge Luis Borges
Guaiba 20/09/2025
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