sexta-feira, 2 de março de 2018

RELÓGIO DO TEMPO

RELÓGIO DO TEMPO

As horas passam lentamente,

O tic-tac moroso do relógio;

Parece avisar que a noite,

Igual serpente está chegando.

O toc-toc do meu coração,

Confunde-se com a melodia do relógio;

E na ilusão desta noite cinzenta,

As estrelas recusam-se a aparecerem.

Sair por ai? Pra quê,

Se o sol há tempos se foi;

A lua vadia está dormindo,

Nem o relógio a despertará.

Era tudo tão bonito, eu sabia,

Ouvia pássaros a cantarem no sossego;

Até o cuco caduco anunciava,

Belos dias que o tempo apagou.

Meu relógio, velho relógio de corda,

Pulsa igual meu coração tangente;

Fecho os olhos, vejo gentes nas calçadas,

Protestando a velha noite que aborrece.

*J.L.BORGES

Nenhum comentário:

Postar um comentário