RELÓGIO DO TEMPO
As horas passam lentamente,
O tic-tac moroso do relógio;
Parece avisar que a noite,
Igual serpente está chegando.
O toc-toc do meu coração,
Confunde-se com a melodia do relógio;
E na ilusão desta noite cinzenta,
As estrelas recusam-se a aparecerem.
Sair por ai? Pra quê,
Se o sol há tempos se foi;
A lua vadia está dormindo,
Nem o relógio a despertará.
Era tudo tão bonito, eu sabia,
Ouvia pássaros a cantarem no sossego;
Até o cuco caduco anunciava,
Belos dias que o tempo apagou.
Meu relógio, velho relógio de corda,
Pulsa igual meu coração tangente;
Fecho os olhos, vejo gentes nas calçadas,
Protestando a velha noite que aborrece.
*J.L.BORGES
Nenhum comentário:
Postar um comentário