sábado, 4 de agosto de 2018

FIM DE TARDE

“FIM DE TARDE”

Vento que sopra e me arrepia,

Na longa estrada, torta e fria,

Ladrilhos expostos pelas calçadas,

Onde o jardim de defloradas,

Alegram os olhos do viajante.

Chuvas que caem a todo o instante,

Formando rios escandalosos,

Paixões gulosas num oceano,

De desenganos que a vida trás.

Enquanto isso longe navega,

Aqueles sonhos frágeis e singelos,

Que cortam o peito, rasgam e ardem,

Num fim de tarde,

Tão triste e belo.

A noite chega, lenta e estranha,

Enquanto alguns estão no fim,

De suas jornadas e outros começam;

Milhões de estrelas riscam o céu,

Depois morrem entre as montanhas.

 *J.L.BORGES
  Guaíba, 2002

Nenhum comentário:

Postar um comentário