sexta-feira, 25 de maio de 2018

O RELÓGIO

O RELÓGIO

O relógio segue sem piedade,

Marcando minutos, marcando horas;

Devorando um recente tempo,

Que já é ontem.

O seu tic-tac ressoa moroso,

Entoando uma canção sem fim;

Na sonoridade de um longo tempo,

Que foge ligeiro por labirintos.

Não tem descanso na sua labuta,

É o operário da eternidade;

Transformando o breve futuro,

Em presente e depois passado.

Imutável passaro de metal,

Batendo asas num sem dormir;

Em sua gaiola de vidro assiste,

O tempo a escorrer lá fora.

É a testemunha de outros dias,

Que jazem inertes em arquivos mortos;

Velho discípulo do sol,

Namorado do coração.

   *J.L.BORGES

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